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Euclides da Cunha 1866 - 1909

''Venci por mim só, sem reclames, sem patronos, sem a rua do Ouvidor e sem rodas. Não invejo, porém,

os que se vão buscando mar em fora, de outras terras, a esplêndida visão...

Fazem-me mal as multidões ruidosas, e eu procuro, nesta hora,

cidades que se ocultam majestosas na tristeza solene do sertão." - Euclides da Cunha (1866 - 1909)

À memória de Euclides (José Marcio Castro Alves)


Rio, 7 de outubro de 1908. Ludgero Prestes.

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Rio, 7 de outubro de 1908
Ludgero Prestes
Recebi a tua prezada carta de 3 do corrente; li-a com surpresa indescritível, verdadeiramente encantado; e não poderei traduzir-te a minha comoção ao ver aparecer-me quase homem — e homem na mais digna significação da palavra — o pobre jaguncinho que me apareceu pela primeira vez há onze anos no final de uma batalha. Mas na mesma ocasião associei-te a recordação de um amigo a quem deves muito mais do que a mim. O que fiz foi, na verdade muito pouco: — o trabalho material de livrar-te das mãos dos bárbaros e conduzir-te a S. Paulo. A minha ação verdadeiramente útil foi confiar-te a Gabriel Prestes. A ele, sim, deves a tua maior e até incalculável gratidão. Quero que me estendas sempre a tua mão de amigo — mas a Gabriel Prestes deves devotar, incondicionalmente, todo o teu coração. Ao lado da tua fotografia veio a tua carta e nesta vi refletir-se um espírito capaz de grande desenvolvimento. O modesto professor complementar de agora — iniciado, como foi, na vida, por um mestre daquele porte, há de subir mais alto.
Mas ainda que isto não aconteça, a tua posição atual, já é um triunfo. Continua, portanto, na trilha que te apontou um dos mais belos caracteres que eu conheço; e sempre que puderes manda notícias tuas a quem também se preza em ser teu amº. muito afetuoso
Euclides da Cunha
P. 5. — Moro na rua Humaitá 61, e não preciso dizer-te que ali tens, francamente aberta, uma casa, tão hospitaleira quanto a minha rude barraca de Canudos.
Muitas saudades a Gabriel Prestes. Euclides